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Emissões‘verdes’ devem bater recorde de US$ 1,178 trilhão neste ano

Projeção é do banco sueco Skandinaviska Enskilda Banken (SEB)

As emissões de dívida que atendem a critérios de sustentabilidade ambiental e social deverão bater recorde e ficar próximas de US$ 1,178
trilhão globalmente neste ano, pelas novas projeções do banco sueco Skandinaviska Enskilda Banken (SEB).

A instituição, que desenvolveu o conceito de “green bond” (título verde) junto com o Banco Mundial em 2007-2008, considera que, após
um “tropeço de curto prazo” causado pela pandemia, o momento é melhor do que nunca para produtos financeiros com etiqueta de
sustentabilidade.

Segundo Thomas Thygesen, chefe de pesquisa de clima e finança sustentável do SEB, o funding está aumentando porque a transição
para descarbonizar as economias ganha mais ritmo do que qualquer pessoa tinha antecipado. A expectativa é de que 2021 terá aumento
significativo de investimentos públicos em infraestrutura de energia. Ele aponta os primeiros sinais “de uma verdadeira disrupção no uso de
energia em setores como o automobilístico”.

As novas projeções do banco são agora 25% maiores do que o cenário mais otimista elaborado no começo do ano para esse mercado, e
levam em conta também o anúncio da União Europeia (EU) de futuras emissões de 250 bilhões de euros de títulos verdes para financiar o
pacote de estímulo pós-covid-19.

Ao Valor, Kristoffer Nielsen, do banco sueco, detalhou as projeções: a expectativa é de emissões de US$ 600 bilhões de green bonds,
US$ 334 bilhões de social bonds, US$ 156 bilhões de sustainability bonds e US$ 88 bilhões de sustentability-linked bonds.
O grosso dessas emissões totais de US$ 1,178 trilhão deve vir depois do verão europeu (julho/agosto).

Com relação à América Latina, Nielsen nota que US$ 5,8 bilhões, quase 60% do total de emissões da América do Sul até agora em todos
os tipos de produtos, foram emitidos somente pelo governo do Chile. Os chilenos também emitiram US$ 4,3 bilhões de títulos verdes no
ano passado e tudo isso aconteceu no primeiro trimestre de 2020.

Uma projeção conservadora do SEB para a região, sem o Chile, aponta para um total de US$ 25,8 bilhões de emissões de títulos de dívida
sustentável neste ano. Mas Nielsen observa que os títulos vinculados à sustentabilidade têm sido populares no Brasil nos últimos seis
meses (total de emissões a US$ 2,8 bilhões), o que poderia proporcionar volume maior.

O SEB, controlado pela família Wallenberg, que tem presença em boa parte da indústria sueca, baseia seu otimismo no melhor trimestre
em todos os tempos para os títulos atrelados a sustentabilidade.

Entre janeiro e março, as novas emissões alcançaram US$ 378 bilhões. Equivale a metade do volume do mercado em todo o ano de 2020
(US$ 756 bilhões) e sinaliza que em 2021 as emissões serão mais fortes.

Somente no primeiro trimestre, as emissões de títulos verdes (green bonds) já somaram o equivalente a 50% de todo o ano de 2020, e as
emissões dos títulos sociais e de sustentabilidade foram 7 e 5 vezes maiores do que no mesmo período do ano passado respectivamente.
No caso de títulos verdes, um total de US$ 150 bilhões foi emitido entre janeiro e março. O montante é US$ 85 bilhões superior ao mesmo
período do ano passado. Os maiores emissores foram órgãos públicos (US$ 51,2 bilhões), setor corporativo (US$ 44,2 bilhões) e setor
financeiro (US$ 46,0 bilhões).

Os títulos sociais (social bonds) tiveram emissões totais de US$ 94,2 bilhões. Órgão públicos foram os maiores emissores com US$ 81,5
bilhões.

Por sua vez, as emissões de títulos de sustentabilidade (sustainability bonds) alcançaram US$ 39,1 bilhões, já mais do que em todo o ano
de 2019 e devendo superar o ano de 2020 (US$ 70,3 bilhões) neste segundo trimestre pelo seu atual ritmo.

Quanto a empréstimos atrelados a sustentabilidade (sustainability-linked loans), somaram US$ 69,1 bilhões. As duas maiores operações
foram da cervejaria Anheuser-Busch, de US$ 10,1 bilhões, e do grupo italiano de energia Enel, com 10 bilhões de euros. Por sua vez, os
empréstimos verdes (green loans) alcançaram US$ 13,1 bilhões.

As emissões de títulos vinculados a sustentabilidade (sustainability-linked bonds) totalizaram US$ 12,7 bilhões. O montante é maior do que
todas as emissões desse segmento em 2020. Para o banco sueco, o conceito parece se estabelecer como grande produto no universo de
finanças sustentáveis.

Por esses títulos, as empresas captam para projetos ambientais e definem metas, como reduzir as emissões de carbono. Se não
cumprirem os objetivos, são penalizadas e os investidores recompensados com o aumento das taxas de juros. As emissões tem sido feitas
até agora apenas por corporações, mas com diversificação de setores, desde companhias de alimentos (a Pilgrim’s Pride e a britânica
Tesco), de moda (a sueca Hennez & Mauritz) e telecom (a americana Lumen Technologies).

A maior emissão nessa categoria no primeiro trimestre foi da Pilgrim’s Pride, controlada pela JBS, que captou US$ 1 bilhão por 10 anos. O
juro aumentará 25 pontos-base por ano se a empresa não for capaz de cumprir sua meta de redução até 2025 de 17,5% no escopo 1
(emissões diretas de gases causadores do efeito estufa de recursos próprios e controlados pela empresa) e escopo 2 (emissões indiretas
da geração de energia comprada de um fornecedor) com base no que emitia em 2019.

O SEB avalia que o mercado de sustentabilidade vai se expandir para abarcar novos tipos de produtos financeiros, como igualdade de
gênero e água.

 

Fonte: Valor Econômico

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